Hoje apetece-me divagar de como vejo o presente e interpreto o futuro das telecomunicações.
O mundo anda em constantes mudanças e nas áreas tecnológicas essa realidade reflete-se no nosso quatidiano de uma forma tão comum que por vezes temos que parar para nos dar-nos conta dessa evolução. Há 20 anos atrás era incomúm uma família ter um telefone fixo, 10 anos depois o incomúm era não ter. Presentemente uma boa percentagem da população portuguesa possuí um telemóvel, coisa impensável á uma década atrás e agora começam a surgir os telemóveis 3G.

Na Europa foi escolhida a tecnologia UMTS para 3ª Geração devido ao facto desta poder ser implementada sob o mesmo hardware que a GSM, apesar de não serem compatíveis já que as diferenças são muitas o que obriga os fabricantes a suportarem actualmente telemóveis tanto o 3G como o 2G (GSM).

O UMTS actua no espectro de frequência diferente (1.9->2.1Ghz) e é uma rede "packet-based" ao invés de "circuit-based" o que permite uma muito melhor rentabilização da rede com taxas de transmissão superiores e usufruir de todas as vantagens que uma rede IP proporciona.

Para mim não será o facto de poder fazer chamadas por vídeo que irá levar os consumidores a adoptarem pelo UMTS, existem factores muito mais aliciantes que nos proporciarão que todas as tarefas que fazemos em casa no nosso PC com banda larga sejam feitas num telemóvel, e portanto a nomenclatura "telemóvel" deixará de fazer sentido, porque para além de telefone este será o nosso "media center", a nossa workstation onde tratamos dos emails, onde administramos máquinas remotas, enfim uma panóplia de funcionalidades. Por exemplo, actualmente já é possível se utilizar o skype (VoIP) nos 3G para fazer chamadas, o que me leva a pensar que as Telcos irão mudar os tipos de tarifários que aplicam hoje em dia

Mas o UMTS não será so usado nos telemóveis, nos nossos PC's e portateis tambêm é possível. O que acontecerá é que iremos ter na nossa casa um router/PBX que irá possuir dois receptores, um WIFI para fazer uma intranet com os outros aparelhos da casa (telefone móvel, portatil, frigorifico, janelas), e outro UMTS para a ligação ao exterior.

Não há outra maneira de me referir ao imposto Automóvel se não como uma VERGONHA e ROUBO nacional.
Todos os estudos referem Portugal como o país que tem o parque automóvel mais antigo da união europeia, mas o que esses estudos muitas vezes não advertem são as condicionantes para que assim o seja.
O problema está no facto de que Portugal tem os carros mais caros da UE, não devido ao lucro dos comerciantes em si mas devido ao elevado imposto que o Estado Português impõe ao contrário dos outros países, já que o preço base é idêntico em todos eles.

O mesmo carro em Espanha custa cerca de 2/3 do preço do que em Portugal e tendo em conta que o nível de vida dos Espanhóis é 2 vezes maior que a nossa está explicado o porquê dos portugueses não comprarem tantos carros novos e a culpa disto deve-se á falta de visão dos nossos governantes que não percebem que se baixarem o imposto automóvel mais viaturas serão vendidas e portanto iram buscar praticamente as mesmas receitas no imposto, mas impera nestes governos a inércia para mudar seja o que for. Gostam tanto de referir a Europa como exemplo a seguir mas na prática continuamos com políticas fiscais de 3º Mundo.

O imposto automóvel em Portugal está mal implementado logo na sua base, quanto maior a cilindrada maior o imposto a pagar, quando devia de ser os cavalos e nunca a cilindrada, mas o que alguns países europeus já estão a aplicar é que quanto maior a poluição provocada pelo carro maior o imposto e parece-me que esta é a medida certa pois o ambiente tem de ser uma prioridade.
Mas para além do IA o estado também aplica o IVA e fá-lo de um modo que não passa de um malabarismo financeiro para ir buscar mais receitas, quem se recente é o consumidor final com um preço mais elevado. O estado aplica o IVA como dupla tributação porque o aplica em cima do IA, ou seja fá-lo da seguinte forma: (Preço_base + IA)+(preço_base + IA)x19% e o que todos os outros países fazem é (preço_base + IA) + (preço_base)x19%.

Em 2010 espera-se que o comércio dos automóveis seja realmente livre dentro da UE, quando assim for tenho a certeza que Portugal apesar de ter o pior nível de vida não terá o parque automóvel mais antigo, porque nesta sociedade o lema "Diz-me que carro tens, dir-te-ei quem és" aplica-se na perfeição.

Não sei se viram ontem á noite uma entrevista no jornal da TVI sobre "Hacker's". A matéria até é actual e deve ser discutida mas nunca com o sensacionalismo como que os media a apresentam que leva a pânicos infundados e desnecessários.
Para quem não viu a reportagem, podem ter uma pequena visão do que se tratou através de outra entrevista que o mesmo "hacker" deu ao correio da manhã.

Secalhar vou arruinar o sonho de muitos mas este jovem da entrevista está longe de ser um hacker, é apenas aquilo que na gíria informática se apelida de "script kid", alguém que usa programas feitos por terceiros para invadirem máquinas sem qualquer tipo de ética ou critério. Estas pessoas na maioria das vezes nao sabem qual o bug que estão a explorar e muito menos como o estão a fazer, para eles o desafio é a "ilegalidade" e não o descobrir novas falhas no software até porque não possuiem conhecimentos para tal. O conceito de Hacker está longe de ser uma pessoa que usa base de dados praticamente públicas com numeros de cartões de crédito para mandar vir rosas online, ou alguém que invadiu 1000 máquinas que ninguem conhece e que não possuiem quaisquer politicas de segurança, isso é tão trivial como pegar no ultimo bug do phpBB e fazer um worm dele utilizando os vários motores de busca para uma invasão indiscriminada, coisa que se faz em 30 minutos.

Tentando-me abstraír do show-off e gralhas que estão associados a estas entrevistas podemos retirar algumas conclusões do que delas resulta:

-O aspecto positivo desta mediatização é que ele provou que não é preciso ter conhecimentos informáticos para se tornar a Net num caos, basta apenas ter o 9ºano e tempo livre. Pode ser que assim as empresas se apercebam que vão ter de gastar dinheiro em politicas de segurança se querem estar na rede, e os utilizadores normais que tenham uma conduta de desconfiança tal como o fazem na vida real. "Se um estranho te oferecer algo, não aceites", não é isto que se aprende na infância?

-O aspecto negativo é que vamos ter de levar com os rapazolas de 14 e 15 anos que ao verem a entrevista decidiram que vao ser "hackers", afinal pode-se comprar todo o tipo de coisas online com o dinheiro dos outros(como se o conceito de hacker tivesse algo haver com isso). A mensagem que dou estas pessoas é " But the winners lose it all someday".
Não sei qual o futuro deste jovem, até porque a Policia Judiciária deverá ter todos os elementos para a sua identificação sem ter de se levantar o problema do sigílo profissional dos jornalistas.
Aqui vão umas dicas...
Página Pessoal do rapaz
Blog do rapaz
Lista de invasões do rapaz

E agora para não dizerem que não vos dou nada, fica aqui a página com as passwords de sites porno que ele e os amigos compra(m) com o dinheiro dos outros. Ladrão que rouba a ladrão tem 100 anos de perdão.

UPDATE(2005/03/04): Para quem não teve a oportunidade de ver em directo a reportagem da TVI, podem visualizar essa pérola aqui. São 50 megas de puro divertimento.

Entretanto a comunidade informática portuguesa está a organizar um protesto através do envio de emails á comunicação social contra este tipo de reportagens sensacionalistas. Os mails terão no seu conteúdo algo semelhante a isto.

No passado dia 20 de Fevereiro os Portugueses foram cumprir o seu dever cívico de modo a decidirem qual o novo governo que pretendiam para o país.
Aqui estão os resultados ainda não definitivos, pois faltam os 4 deputados elegidos pelos emigrantes:

UPDATE(2005/03/04): Tabela actualizada no nº de *Deputados contabilizando o voto dos emigrantes.

Partido:  Votos    Percentagem  *deputados(Total)
PS:	  2573311  ( 45,05%)      121
PPD/PSD:  1639020  ( 28,69%)       75
PCP-PEV:   432130   ( 7,57%)       14
CDS-PP:    414813   ( 7,26%)       12
B.E:       364296   ( 6,38%)        8

Abstenção:34,98%

Na minha opinião o Partido Socialista saiu vencedor destas eleições com maioria absoluta devido a essencialmente 3 factores predominantes:

* No congresso para decidir qual o secretário geral que iria suceder a Ferro Rodrigues no Partido Socialista, os militantes optaram por escolher o candidato com os ideais mais de "centro" em deterioramento de doutrinas mais esquerdistas como o Manuel Alegre defende. Foi esta astuta decisão de escolherem José Sócrates quando se constatava que o eleitorado do centro de direita andava descontente com a governação dos Sociais Democratas que permitiu que o PS fosse a alternativa.

Se formos a analisar bem a população votante apenas 20% destes são realmente independentes e pensam pela própria cabeça, ou seja, não estão ligados a nenhum partido e avaliam de uma forma consciente e concreta as propostas e a prestação anteriormente dos mesmos, pode parecer ofensivo mas a maioria de quem vota sempre no mesmo partido está próximo da paralisia cerebral pois parece-me inverosímil que com o passar do tempo estes estejam sempre em sintonia com as proposta dos partidos, pois estes vão mudando e nós também. Freitas do Amaral é a prova viva do que acabei de dizer.
Seguindo este raciocínio o PSD tem sempre 30% de votos independentemente do que propõe ou faça, o mesmo se passa com o PS que reserva para si também 30%, a CDU 7%, o CDS 7%, e depois 6% pelo resto dos partidos ficando a sobrar os tais 20% que nunca se sabe onde vão votar. Estes indecisos fazem normalmente parte da classe média que estão politicamente colocados ao centro, e foram muitos destes que migraram o seu voto do PSD para o PS em relação ás ultima legislativas, mas a maioria absoluta provavelmente só foi conseguida pelo baixar da abstenção que deu a meu entender muitos votos ao PS. A CDU e o BE sobem nestas eleições porque recebem os votos dos Socialistas que não se revêem num PS tão "Central".

* O factor que levou muitos dos tais 20% de indecisos crónicos e a "antiga" abstenção a votar PS foi sem dúvida o "Voto Protesto". Estes 3 anos de Desgoverno davam pouco credibilidade ao PSD mesmo que o seu líder para as legislativas não fosse o Santana Lopes pois quem falhou foi um partido e não uma pessoa, apesar deste ter ajudado em muito para a instabilidade política, mas é bom que nos lembremos do Drº Durão Barroso. O Voto Protesto deve-se a isto e isto e mais isto e não vale a pena me tar a repetir.

* O outro factor foi a campanha protagonizada pelo PSD. Santana Lopes optou pela técnica de se passar por vítima e de atacar o Presidente da República o que lhe foi fatal. Em relação ao seu adversário directo, Sócrates, ao invés de contrapor as ideias deste para o país, Santana decidiu envergar pela vida privada, outro erro fatal mas este imperdoável, não sei se os responsáveis pela campanha do PSD pensavam que estavam nos E.U.A e que os portugueses iriam dar mais importância a boatos do que a decisões politicas sociais e económicas. Portugal deu um sinal de maturidade.
Sócrates por outro lado fez uma campanha inteligente onde não se expôs muito, onde falou apenas vagamente da sua ideia para o país sem se comprometer com nada, pois é obvio que existem medidas que não irão ser muito populares dado o estado económico do país, e era nestes aspectos que os seus adversários teriam que o confrontar, mas como estes também não estavam interessados em apresentar propostas concretas preferiram a politica suja.

Como consequência destas eleições, temos que Paulo Portas se demitiu da liderança do CDS pois não atingiu nenhum os seus objectivos e por outro lado temos Pedro Santana Lopes que prefere ser "morto em praça pública" ou seja, no congresso do PSD.