Se para a geração anterior a pergunta que se impõe é "Onde estavas tu no 25 de Abril", na minha a questão difere ligeiramente para "Onde estavas tu quando o Kurt Cobain morreu". Lembro-me como se fosse hoje quando cheguei a casa por volta das 24h horas acendi a televisão e na Sic estava a dar o Ultimo Jornal. Tinha o som da televisão baixo e mal percebia o que o jornalista dizia quando vejo no canto superior da TV uma foto do Kurt Cobain, fiquei deveras supreendido, pois não era comum um telejornal falar dos Nirvana, e ao mesmo tempo que aumentava o volume ouvi algo do estilo "O vocalista dos Nirvana suicídou-se". O minuto seguinte foi uma mistura de sentimentos onde parecia que o mundo se ia desmoronar, onde nada fazia sentido no meio de tanta revolta, raiva, e o incrédulo da situação. Na espinha dorsal sentia arrepios constantes sempre que me perguntava a mim mesmo "E agora?"
A notícia dava conta tambêm que o Kurt Cobain estava desaparecido já ha uns dias, coisa que desconhecia. Na altura não havia internet e ter acesso a estas notícias so em algumas revistas do sector que provavelmente não referiam tal facto.
No dia a seguir, suponho que tivesse sido um sábado, fiquei em casa a devorar a MTV que explorava o assunto até ao tutano, desde entrevistas antigas dadas pelo Kurt, até ao desabafo de fans que se encontravam num jardim de Seattle. Nunca como na altura vi/ouvi tanta vez o Unplugged que tinha gravado meses antes na MTV, e na ressaca do acontecimento a revolta deu lugar á tristeza e consternação.
O facto de ter perdido a oportunidade de ver os Nirvana em Cascais 2 meses antes roía-me por dentro, a impotência de não poder fazer algo para mudar a situação consumia-me por dentro.
Na segunda Feira quando cheguei á escola, reparei que havia um cheiro a luto no ar, com alguns dos meus amigos/as a vestirem-se de preto com t-shirt alusivas ao Kurt Cobain. A atmosféra estava pesada e nunca tinha sentido a escola tão calma, parecia que mesmo quem não ouvia Nirvana estava solidário com o sentimento de perda.
Os meses seguintes foi ver a conspiração de homicídio a ganhar cada vez mais apoiantes e a Courtney Love a ser cada vez mais odiada. Pessoalmente preferi pensar que foi apenas e só mais um suicídio de alguem que esticou a corda (leia garrote) ao máximo e um dia não aguentou mais. As reportagens sobre a teoria de homicídio eram/sao bastante crediveis, com factos palpáveis como ele ter sido até hoje a pessoa com o maior resgisto de droga no sangue a cometer o suícidio, mas pecavam sempre num ponto, "Kurt Cobain não tinha tendencias suicidas". Como alguem que deve ter ouvido 95% da discografia feita pelo Kurt permitam-me discordar, O Kurt era uma pessoa depressiva com o suicidio sempre presente que tentava se esconder através da ironia e contradições e foi isso mesmo que transpôs para a sua musica, que no fim de tudo é o que nos resta.
Um tema que pessoalmente me diz muito e onde pode-se sentir a genuidade do Kurt Cobain é o Oh ME, e ainda hoje tou para perceber porque é que a MTV quando passa o Unplugged censura este tema.