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(Des)informação
Fri Oct 21 18:46 2005



Quando se assiste a uma sessão parlamentar constacta-se de imediato que alguém está a dizer inverdades (na política não se diz mentiras) pois a disparidade entre os factos apresentados são de tal forma distantes que é impossível ambas as bancadas estarem a dizer a verdade, o problema é que o cidadão comum raramente sabe de que lado está a razão. Mas na sessão de 18 de Outubro o tema parlamentar foi sobre as dificuldades técnicas verificadas nas Autárquicas, assunto sobre o qual estou pessoalmente minimamente bem informado para identificar o mentiroso.(Como se chama a um indivíduo que diz inverdades?)

O Deputado do PSD, Montalvão Machado, insinuou através de uma pergunta retórica que a culpa de tais deficiências técnicas se devia á utilização de Software Livre, no caso CaixaMágica, na implementação da infraestrutura, apresentando como argumento um contrato entre o Ministério da Justiça e a ADETTI.
Peço desculpas, mas não acredito que este deputado não soubesse que tal afirmação é um disparate, mas mesmo assim preferiu avançar com esta desinformação, a razão para tal facto pode estar relacionada com a sua proximidade ao lobby Microsoft que pretende assim desacreditar o Software Livre e continuar com a sua posição dominante no sector. O facto é que a CaixaMágica nada teve haver com o projecto das eleições, o seu contracto apenas prevê a migração de algumas Workstations.

Depois existem umas afirmações que só vão ao encontro das suspeitas da sua motição.

"De acordo com Montalvão Machado, o sistema utilizado no apuramento dos resultados eleitorais desde 2001 (baseado no sistema operativo Windows 2000, da Microsoft) foi alterado pelo Governo socialista, passando a ser a IBM a empresa responsável por este processo, gerido pelo Instituto das Tecnologias da Informação da Justiça (ITIJ)."

Dizer que a infraestrutura era baseada no windows 2000, quando este apenas era um dos frontends de httpd é no minimo ridículo. Os frontends agora usados baseados em SuSe não tiveram problemas, foi o backend com o mainframe que nao aguentou a carga (ele até aguentou, teve foi de se rever a configuração dos seus recursos segundo o responsável), e ao contrário do que o deputado afirma, em 2001 a empresa IBM já estava envolvida no projecto e era um mainframe o responsável pela recolha dos dados. A maior diferença da infraestrutura está no acesso á informação, quando dantes não existiam querys a BD's mas sim geração de ficheiros que posteriormente eram acedidos via ftp para futuro parse pelos frontends agora todo o processo é feito pelas transacções ao IMS, o que dá a flexibilidade de se aceder apenas á informação que se pretende sendo esta mais "actual", do outro lado da moeda está que o backend é mais sobrecarregado.













S.
Sun Oct 23 0:33 2005



Ao "levar" toda a informação não se está a levar também a informação que se pretende? :)

No desenho de sistemas distribuídos "pesados" há que simplificar ao máximo as funcionalidades - KISS, como se costuma dizer. O sucesso do HTTP é em muito devido a isso. Especialização ao máximo, estilo linha de montagem - "chapa 5". :)

O problema nestas autárquicas foi na arquitectura. Numa decisão de alto nível - há que assumí-lo.


Sun Oct 23 15:35 2005



Como já disse anteriormente,
"Talvez o facto do webservice ter sido projectado de modo a disponabilizar a informação especifica levasse a demasiados pedidos ao servidor consumindo demasiados recursos, algo como um pedido que recebesse toda a informação e deixa-se depois ser o cliente fazer o parse da mesma teria sido mais prudente"

No entanto na sua generalidade estou completamente de acordo com a arquitectura implementada, Webservices faz todo o sentido no caso específico e a coisa só correu mal devido a um pormenor (a dada altura houve falta de espaço físico para o log das transacções), o que quer dizer que todo o core da arquitectura estava devidamente dimensionado daí a mesma ter aguentado o resto da noite eleitural.

Não sou nada apologista da teoria "Se funcionava para quê mudar?".

Quantas pessoas é que não compram outro automóvel apesar deste continuar a desempenhar a sua função na totalidade? E fazem-no para melhor comodidade. No caso da arquitectura das autárquicas trata-se do mesmo, e não é por causa de um pormenor e de teorias de FUD que se deve deixar de inovar.